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Fundamentos Científicos do Estudo Reflexivo no Centro Espírita
12/08/2014

Fundamentos Científicos do Estudo Reflexivo no Centro Espírita
O neurocientista americano Stephen Kosslyn, um dos maiores pesquisadores do mundo em ciência cognitiva, – área do conhecimento que combina psicologia, neurociência e sistemas de computação para entender como o cérebro processa informações – fez prestigiosa carreira acadêmica na universidade de Harvard. Em recente entrevista publicada pela revista Veja, o cientista afirma que:

Muito se fala que, no aprendizado, quanto mais a pessoa pensa sobre alguma coisa, mais se lembra dela, mas pouco se faz para que pensar se torne a regra na sala de aula. Nós conduzimos pesquisas para comprovar cientificamente esse fato. Uma delas, simples mas esclarecedora, envolveu três grupos aos quais foram apresentadas frases que descreviam cenas triviais. Um grupo foi instruído a ficar repetindo as frases para gravá-las. Outro foi orientado a fechar os olhos e tentar visualizar as imagens. Ao terceiro foi pedido que visualizasse cada cena uma vez, rapidamente, e que desse uma nota de quão viva a imagem lhe apareceu, sem se preocupar em gravá-la. Os participantes foram convocados minutos depois a reproduzir as frases, e a memorização dos que tentaram absorvê-las por repetição foi metade da dos outros dois grupos – que, por sua vez, apresentaram desempenho semelhante. Isso reforça a ideia de que não é repetindo teoremas e fórmulas que os alunos vão se lembrar dos ensinamentos, mas sim discutindo e construindo um pensamento crítico sobre o que aprendem. A partir daí, desenvolvemos cursos muito mais interessantes e participativos.

Quanto mais a pessoa refletir sobre o assunto, quanto mais profundamente ela processar uma informação, mais fácil será lembrar-se dela, porque a reflexão vai desencadear associações mentais entre aquele assunto e o que já está armazenado na memória. Ao ser convocado a reproduzir essa informação, o cérebro usará tais associações para chegar ao local onde ela está armazenada. Por outro lado, repetir uma frase ou uma fórmula diversas vezes não cria conexões com coisas já gravadas na memória, e portanto o cérebro vai ter mais dificuldade para encontrar a frase ou fórmula no seu banco de dados quando isso lhe for solicitado.

Diz o cientista que o professor “não pode se ver mais apenas como um transmissor do conhecimento, mas precisa dar uma aula diferente, de aprendizado ativo, envolvendo os alunos. É necessário auxiliar o aluno a exercitar sua capacidade de abstração.”

O que tem sido mais difícil para implementar essa nova forma de aprender é “o conservadorismo que traz um conforto, pois os professores ensinam da maneira a que estão acostumados, como foram treinados, sem avançar um milímetro. De um modo geral, o ensino continua muito atrelado a técnicas convencionais ultrapassadas, mas a ciência do raciocínio em breve vai fazer uma revolução nessa área.”

Várias das pesquisas conduzidas pelo Dr. Kosslyn tratam da imaginação. Diz, o cientista: “A visualização mental de imagens de forma espontânea, ou seja, sem estímulos físicos, é importante para desenvolver tanto a memória quanto a noção espacial. Ela também ajuda na compreensão linguística e é essencial ainda no entendimento de símbolos. A imaginação se coloca nos limites entre percepção, memória, raciocínio e emoções. O aluno formado conforme as diretrizes da ciência cognitiva saberá analisar problemas e situações com isenção e espírito crítico e passará a vida inteira aprendendo.”

Retiramos da entrevista do Dr. Kosslyn muitos elementos que remetem àquilo que temos desenvolvido no Projeto Espiritizar, sob a orientação de vários mentores, liderados pelo Espírito Honório. Os Benfeitores, já há vários anos, têm-nos estimulado a reflexões sobre o conteúdo estudado na Doutrina Espírita. Propuseram a criação do estudo reflexivo sistêmico das obras de Allan Kardec e do Evangelho de Jesus, o estudo reflexivo da coleção psicológica de Joanna de Ângelis e, recentemente, a evangelização reflexiva. Já estamos pensando em uma nova série de estudos reflexivos sobre a coleção de livros de André Luiz.

Verificamos pelas pesquisas relatadas que o estudo reflexivo, tendo como base as visualizações e as reflexões sobre as Leis Divinas e a prática das virtudes, estimula a capacidade de abstração, fundamental para internalizar as Leis e como praticar as virtudes em nossa vida cotidiana.

Como é natural, as resistências a essa forma de se estudar, como tem acontecido com os profissionais da educação, também aconteça no Movimento Espírita, devido ao apego àquilo que é conhecido e produz o que chamamos de zona de conforto psicológico, mas, como reflete o Dr. Kosslyn, é uma questão de tempo para que todos adiram a essa proposta, pois como ela faz parte da evolução da Humanidade, o progresso em todos os setores, especialmente na área da educação integral do Ser como Espírito imortal, pode ser obstaculizado, mas nunca impedido.

Por isso, entendemos que a forma reflexiva de se estudar a Doutrina em todas as faixas etárias será cada vez mais utilizada como uma metodologia moderna, em sintonia com as pesquisas mais avançadas na área da educação. Os Centros Espíritas que implementarem essa modalidade de estudo proporcionarão a crianças, jovens e adultos um método que realmente faça sentido em suas vidas, auxiliando-os a viver como Espíritos imortais, momentaneamente encarnados, em sintonia com as Leis Divinas e com a prática das virtudes.

Alírio de Cerqueira Filho

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